2009-11-16

Da democracia


Se há algo que me agrada no estado de sítio em que se encontram as democracias ocidentais, mormente a portuguesa, é a capa da visão desta semana!
Com efeito, ensinar a todos as boas maneiras de corromper e ser corrompido é um exercício democrático de vital importância e visceral civilidade!
De hoje em diante, meus caros, não serão só as "varas de godinhos" a chafurdar nos métodos ilícitos de enriquecimento. Todos nós, suinídeos ávidos de engordar o odre, nos poderemos deleitar à moda dos grandes!
E se a democracia tem como principal matriz o princípio da igualdade, então a visão é o panfleto oficial do sistema! E bem melhor que "a lição de Salazar"!...

2009-11-05

Cogumelices, que é como quem diz, micologisses...

O cogumelo que se vê em cima é um frade, o único cogumelo que sei diferenciar com certezas e que, em miúdo, colhi inúmeras vezes com o meu pai. Têm três traços característicos que o tornam facilmente identificável, a saber: O anel em volta do caule, a textura da parte superior e o facto de aparecerem sempre aos pares. Quando envelhece torna-se castiço e bastante grande.
Atenção, é muito parecido com outro, que também tem anel, e apenas se distingue dele pela textura da parte superior, a qual apenas com a experiência se aprende a identificar.

Mas porquê falar de frades? É que antigamente havia disto às dúzias e bastava rondar um pinhal para apanhar facilmente uma cesta deles... Hoje em dia não é bem assim... De qualquer forma, já vi cinco este ano, mas preferi espalhar-lhes os esporos para colheitas vindouras do que comê-los... Pode ser que para o ano se faça um arrozinho de frades!


Quanto a estes, a coisa é bem diferente... Há muitos anos que não via um e, também este ano, há cerca de três dias, vi um par deles... Uma das imagens mais antigas que tenho da infância é a de estar circunspecto a olhar para um "bicho" destes, gigantesco, quase que hipnotizado com a sua beleza. Lembro-me bem do pânico que o meu pai teve quando me encontrou a adorar o dito e de me dizer que aquilo era a coisa mais venenosa que existia. Ainda hoje recordo o exacto local onde ele estava e, de cada vez que lá vou, passa-me essa imagem pela cabeça.
Quando era já adolescente, dizia-se que havia uns cogumelos vermelhos com pintas brancas, cujas mesmas davam um "grande mocão", embora nunca tenha acreditado muito nessa hsitória, até porque do mocão à morte às vezes a distância não é grande...
Mas fiz umas pesquisas e posso, com alguma certeza, apresentar-vos este cogumelo como sendo o "Amanita muscaria", ou agrário das moscas.
Aqui, uma perspectiva temerosa e aqui a possibilidade de o comprar para levar de "viagem"...
Qualquer dia colho um para levar nas férias do próximo ano... ;)

Uma abóbora de respeito

Amândio da Conceição gosta de cultivar o seu quintal. Couves, batatas, alfaces, entre muitas outras variedades, nascem e crescem. Porém, nada como o que aconteceu recentemente. Numa sementeira normal de abóboras, alguns dos exemplares começaram a crescer, a crescer, e, quatro deles atingiram proporções fora do normal. A mais pequena, cerca de 48 Kgs, e a maior (que a foto mostra), com 56. Questionado se o tratamento dado tinha sido diferente, refere que foi uma sementeira normal, "lancei as sementes à terra, remexi a mesma, nasceram, cresceram... e deram este resultado". Questionado sobre o destino a dar às mesmas, refere que alguma será para consumo, mas a maior parte destina-se "a alimentar os porcos que crio". Após as couves de Alberto Afonso e Jaime Levita e o nabo do Xico Pereira, mais um "fenómeno" surgiu em Retaxo.
In: Jornal "Povo da Beira", 20 de Outubro de 2009
Palavras para quê? O Amândio gosta de cultivar o quintal com'ó Cândido, o Jaime levita e o Xico Pereira é um nabo! Só podia acontecer "em" Retaxo! É quase com'ó menino, que nasceu "em" Belém!
Enfim, pérolas a porcos..., ou abóboras a porcos, que é quase o mesmo...
Curiosos nós que cavamos os sulcos do existir
para neles semear a própria vida que morremos
Curiosa a vida (?) de quem não cava nem semeia
Curial o espírito
Cordial'mente'(ira)
Ao nascer fora ensinado a jogar a bisca pelos melhores. Sabia de antemão os trunfos que restavam e os pontos que faria, pelo que, com alguma naturalidade, irremediavelmente saía vencedor de todas as partidas. Era um jogo simples, mas talvez a catapulta para algo maior, futuro adivinhado, pensava, nos momentos de prestidigitação...
Cedo se fartou de um jogo tão banal e, cedo também, deu os seus primeiros passos no xadrez, que todos lhe apregoavam como máximo estádio no que à arte de jogar diz respeito. Aprendeu vários movimentos e, calculando as jogadas com léguas de antecedência, rapidamente se tornou um exímio jogador, capaz de destronar os melhores e mais experientes adversários dos seus faustosos tronos.
Algures a meio do seu existir, fartou-se de frívolos raciocínios sistemáticos, repetidamente destinados ao mero entertenimento. Foi então que decidiu jogar o jogo da vida.
Iniciou-se nesta arte como se iniciara nas predecessoras, tentando, primeiramente, descobrir as regras, para depois, pensava, definir as estratégias que o ajudariam a contorna-las. Inesperadamente, descobriu que agora jogava num interminável campo sem balizas ou linhas de fundo e que o cardápio do existir era mais extenso e longo que os anos que lhe restavam.
Deixou-se de jogos e, pela primeira vez desde que nascera, viveu!

2009-11-02

Para lá de ter descoberto que no continente há gaufres que, aquecidos no micro-ondas e apimentados com mel, são tal e qual os do tasco na Rua dos Pescadores da Caparica; e ter já experimentado o meu "acessório abre-regos" que, ao contrário do que se possa inicialmente pensar, é uma coisa "muito de homem",
(e claro, sem ousar entrar por assuntos futebolísticos - esse pessoal que liga à bola é mesmo anormal...)
posso considerar que o facto de os ídolos terem reaparecido na televisão é um fenómeno de curial importância no que à vivência do dia a dia diz respeito!
Senão vejamos:
Ken li ulibúlibúláuchu e fonemas afins adocicam o serão de qualquer um. Tudo isto condimentado com demonstrações de virilidade envergonhadas por parte de indivíduos com a mania do abre-regos (neste caso acessório que "não é de homem") e sensíveis seres cientes do seu incontestável valor lírico, que é como quem diz "para que é que servem os galos se temos disto", ajudam a que um qualquer indivíduo adormeça com os níveis de dopamina em alta!
Entremeando a questão, vale sempre a pena ver que A canta muito bem mas tem um look bera e que B é lindo de morrer embora não lhe restem fenêtres na casa...
Sintetizando: Como é bom viver neste Portugal de intelectualidade profícua! Como é bom ser um asno no meio das mulas, chegar à noite, dormir, sem vitinho nem nada, e acordar sabendo que se sabe o mesmo que ontem menos o que se esqueceu!