2010-05-11

Papa a papa (cerelac?) erghhh...


Ela chegou!
Expressiva e astuciosa, eis que sua eminência se apresenta em itinerância por terras de Viriato e da Dona Lurdes da mercearia! A segunda, enfadada que tem estado num passado próximo, pela notória ausência de alguém que lhe compre os melões e a bela da nêspera, delira ao primeiro vislumbre de sua santidade, certamente ícone sexual para a classe dos (des)protegidos infantes... Kinder bomb!, Kinder Bomb!, you're a Kinder bomb! (grita o Tom Jones na rádio, ou algo que o valha...) Dona lurdes, essa, só tem pena que ele não tenha vindo à janela...: " É um santo homem!, vê-se logo que é quem é!, Deus o ajude e proteja nos momentos de aflição!", vocifera o ainda arquétipo da "nacional mulher de bem"!
A poucos metros de distância, no aconchego do anonimato, um jovem amante do reino dos vegetais faz perpetuar um escrito na eternidade, fecundo das auspiciosas ideias que lhe vão pela alma... Sob a forma de papel enrolado, qual rei mago a espalhar incenso, Berzebú, como é conhecido no Bairro do Vatikinder, apregoa a sua mensagem a quem o quiser ouvir, contemplando o fausto que à fronte se lhe esbarra. Cenas man! (grita desalmada e intermitentemente) Cenas! O people a dar importância ao chavalo, um gajo que parece que veste fraldas e camisas de dormir todos os dias... Tá mal man!!! O chavalo havia era de ir lá ao bairro pra ver o que o people curte..., assim não fazia estas figuras... Vai-te embora óh retro-bicha! Já tinhas idade pra usar cuecas em vez de fraldas...
Simultaneamente e à mesma hora, João, moço desinformado e pouco atento ao que de importância se apregoa pela nação, comia um misto e bebia um galão, ignorando o alvoroço que se gerava nas antenas de rádio e cabos de fibra-óptica espalhadas por este buraco fora, ao qual eufemisticamente vamos chamando país europeu, vulgo Portugal... Enquanto pensava no trabalho que o esperava e urdia de antemão planos para o fim de tarde, para si a parte mais importante dos dias, enfim, uma razão de viver, Jõao era bombardeado pelas ondas de rádio e sinais de tv... Por todos os lados se ouviam comentários à elegância dos élficos chinelos rubros e do quão estética era a sinestesia crianda entre eles e a passadeira que abaixo lhes deslizava. Por todo o lado se alcovitavam motivos para desenferrujar as cordas vocais e o absurdo que, pensava, só para ele era nítido... Sob o fardo da indigestão, João apressou o esófago e rapidamente o regou a laivos de sucedâneo anfetamínico. Deixou o poiso onde poisara, trabalhou, correu para o sonho e, até dormir, não existiu para ninguém que não para si e para os seus... Para João, sua eminência nem cá esteve... E que inveja lhe tenho!

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