2009-04-02

Se fosse visto na rua, carnívoro de espanto pelo que o olhar alcança, quieto, sentado na passadeira rolante dos sonhos, criança. Se fosse visto na rua, nu, despido de todos os que me rodeiam. Se fosse visto a sonhar vivendo, leve, palpitante, solto e macio como algodão. Se não fosse visto pela razão, apenas díspar nos disparates que se forçam. Se olhassem ao longe e vissem uma pena em balançar triste e descendente, contemplativamente observando o mundo devagar. Se foras visto sem pressas, como gostas. Se em três compassos de silêncio se gerasse a doce empatia que procuras. Se foras o que foste, que és, que desejas ser. Silêncio vago de sorriso fechado, gargalhada ausente na melancolia que não feres. Carro veloz, distante, silenciosamente vociferante. Janela quebrada com árvores que seguras carinhosamente, sem nexo aparente. Se fosses deixado viver o presente. Imagens passageiras que só sabe quem sente.

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