2009-09-24

Livros antigos

Os livros antigos são giros (ponto). Mesmo que técnicos, encerram sempre uma panóplia de dissertações sobre temas de cultura geral e pensamentos filosóficos. Se houve coisa que se perdeu com o advento da especialização e da tecnocracia, foram aqueles livros que, capazes de tratar um tema a fundo, sempre nos iam presenteando com esparsas considerações sobre a vida, a história, a filosofia...
O humanismo está morto, mas fazem falta os livros técnicos entremeados de romance, de histórias, de meditações... Eram bem mais agradáveis!

Pensamentos para trincar e digerir

"A auto-recriminação é um luxo. Quando nos auto-censuramos, temos a sensação de que mais ninguém tem o direito de nos censurar. É a confissão, e não o sacerdote, que nos dá a absolvição."

In "O Retrato de Dorian Gray" - Oscar Wilde


"As nações, como os individuos, uma vez reduzidos à pobreza, com difficuldade se subtrahem á escravidão."

In "A agua, compilação dos principaes elementos de geologia para o descobrimento dos mananciaes aquaticos" - D. Santiago Garcia de Mendoza.

Ps: Pode parecer um bocado freak o título do último livro, cuja edição de 1866 adquiri via internet, por um preço proibitivo... Mais freak é a frase nele contida, que encerra demasiada filosofia para um livro técnico. De qualquer modo, vamos vivendo a vida como poetas obreiros e, no espírito de fazer pelas próprias mãos uma mina de água como "os antigos", informamo-nos cientificamente com as suas receitas académicas. E depois? É melhor que gostar de meninos pequeninos!!!

2009-09-23

Cidadania

Analisando a minha vida nos últimos anos, terei dúvidas que possa ser considerado um cidadão exemplar, ou até mesmo um cidadão na verdadeira acepção da palavra...
Com efeito, o meu bilhete de identidade caducou em 2007, o meu cartão de eleitor esté perdido desde a última e primeira vez que votei (em noventas e tais no referendo do aborto e da regionalização) e cartão do serviço nacional de saúde é coisa que não tenho e nunca tive...
Chego a indagar-me sobre a substância da minha qualidade de cidadão, sendo que me considero mais próximo de um apátrida do que de um indivíduo de nacionalidade portuguesa...
O senão de todos estes acolhedores incidentes burocráticos reside apenas no facto de ter cartão de contribuinte e ser obrigado a pagar impostos, situação que penso resolver positivamente no próximo ano, abrigando-me nos conceitos de "mínimo de existência" e "prestação de serviços a uma única entidade", neste caso o estado, com vista à minha efectiva tributação nula...
De todas estas situações advém-me um problema maior, ainda que com poucas consequências... É um facto que nunca ninguém me deixará fazer o cartão de cidadão sem exibir o de eleitor e o do serviço nacional de saúde, o que implicaria para mim uma travessia no deserto de algumas secretarias altamente Kafkianas, tais como as dos hospitais ou juntas de freguesia.
Ainda assim, só vejo uma vantagem em ter o cartão de cidadão: Não ser multado pela brigada de trânsito, vantagem essa que rapidamente dirimi ao observar empiricamente que os sujeitos bonacheirões da boina verde se desfazem em sorrisos pela mera apresentação da minha carta de condução e, mormente, pela alegação da minha qualidade profissional, sendo certo que me perdoam cronicamente a multa.
Isto apenas para concluir que votar, nestes dias pós-péricles do contexto democrático actual, não é uma vantagem para ninguém, antes um tortuoso e inútil aborrecimento...

2009-09-21

Outra vez, Linda de Suza

Essa grande senhora da valise en carton, que assombrou as infâncias dos que, como eu, tiveram o privilégio de ainda nascer na década de 70, voltou aos ecrãs de televisão para uma reportagem na SIC.
Pérolas senhores! Pérolas!
Entre lambidelas do cão fofo que é a sua única companhia, passando por recordações de tomates gigantes que guarda do seu Portugal, Linda relembra efusivamente momentos como aquele em que, com Mário Soares de um lado, Jacques Chirac do outro e ela a meio, brilhou para o mundo da política. Até se recorda a senhora de ter deixado de ir a um jantar na câmara de Paris só e apenas porque a sua cabrinha tinha acabado de dar à luz!
Esta mulher que chegou à humilhação de gravar com um grupo rap de luso-descendentes, é hoje uma criatura que conta tostões e se diz enganada... Com uma reforma de €1800 (mil e oitocentos euros) vive miseravelmente e apelida essa quantia de esmola, comparando-a à sopa dos pobres...
Sim Linda, tu mereces mais!!!
O vídeo está aqui!

2009-09-20

Gosto de ouvir falar de amor nas esplanadas de Lisboa. Mistura-se o inglês ladrado em pronúncia alemã, com a ponte, que ao fundo, dá a um imprudente turista a ideia de uma cidade dócil, civilizada, constantemente ligada ao resto do mundo que se permite filtrar. A puta da ponte não liga; limita-me o mundo.

2009-09-09

Mim tipo coiso

Fui, em tempos, eu próprio.
Hoje não sou o que fui em tempos.
Hoje, não sou eu próprio?

2009-09-04

Vício

Para quem tenha conta no yahoo: http://uk.games.yahoo.com/online-games/card/games_canasta.html

2009-09-01

"25.03.2009 - 18h56 - Ana Menezes, porto
eu fumo chamon de vez em quando. Nunca ando com stresss sou licenciada e tenho muita responsabilidade laboral. A minha mãe coitada anda com anti depressivos agarrada e deprimida. é a vida...as gerações dos 50 andam mergulhadas em comprimidos das farmaceuticas que manipulam o mundo. Já lhe disse para fumar e deixar os anti depressivos.... mas não acredita em mim...só no psiquiatra FDP!"
E o que é isto, perguntáis vós, criaturas sem amor à pestana?
É um comentário de uma criatura a uma notícia do público, na qual se falava de um estudo, segundo o qual os fumadores de marijuana tinham mais 70% de probabilidades de contrair cancro dos testículos do que os não fumadores.
E o que é que eu acho disto? retorquis vós, intrigados...
Não acho nada..., aliás, acho giro, o comentário...

Bucólica ordinarice...

"Sinto-me orgulhoso por ver que possuo um coração capaz de sentir essa inocente alegria do homem que põe sobre a mesa a couve que ele próprio semeou, e que não só goza de vê-la, como também recorda ao mesmo tempo os belos dias que passou a tratá-la, a linda manhã em que a plantou, as amenas tardes em que a regou e, finalmente, o prazer que sentiu de a ver crescer e engrossar!"

in: Werther, de J.W. Goethe

Em jeito de comentário, não nego que sinto prazer ao vê-la crescer e engrossar!