2009-09-23

Cidadania

Analisando a minha vida nos últimos anos, terei dúvidas que possa ser considerado um cidadão exemplar, ou até mesmo um cidadão na verdadeira acepção da palavra...
Com efeito, o meu bilhete de identidade caducou em 2007, o meu cartão de eleitor esté perdido desde a última e primeira vez que votei (em noventas e tais no referendo do aborto e da regionalização) e cartão do serviço nacional de saúde é coisa que não tenho e nunca tive...
Chego a indagar-me sobre a substância da minha qualidade de cidadão, sendo que me considero mais próximo de um apátrida do que de um indivíduo de nacionalidade portuguesa...
O senão de todos estes acolhedores incidentes burocráticos reside apenas no facto de ter cartão de contribuinte e ser obrigado a pagar impostos, situação que penso resolver positivamente no próximo ano, abrigando-me nos conceitos de "mínimo de existência" e "prestação de serviços a uma única entidade", neste caso o estado, com vista à minha efectiva tributação nula...
De todas estas situações advém-me um problema maior, ainda que com poucas consequências... É um facto que nunca ninguém me deixará fazer o cartão de cidadão sem exibir o de eleitor e o do serviço nacional de saúde, o que implicaria para mim uma travessia no deserto de algumas secretarias altamente Kafkianas, tais como as dos hospitais ou juntas de freguesia.
Ainda assim, só vejo uma vantagem em ter o cartão de cidadão: Não ser multado pela brigada de trânsito, vantagem essa que rapidamente dirimi ao observar empiricamente que os sujeitos bonacheirões da boina verde se desfazem em sorrisos pela mera apresentação da minha carta de condução e, mormente, pela alegação da minha qualidade profissional, sendo certo que me perdoam cronicamente a multa.
Isto apenas para concluir que votar, nestes dias pós-péricles do contexto democrático actual, não é uma vantagem para ninguém, antes um tortuoso e inútil aborrecimento...

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