2009-03-05

Arranjei um amigo que vem buscar a lenha excedente ao meu terreno, o que me dá jeito, até a título de prevenção de incêndios. Disse-me que ia lá lavrar-me a horta no sábado à tarde e tudo de borla. Pedi-lhe o contacto de um caterpilar para surribar uma pequena faixa de matagal. O meu amigo é um homem forte e capaz, concerteza, de empunhar uma espada de tempos medievais, sobrevivendo a um ataque de cavalaria pesada. É voluntarioso e dado ao trabalho. Faltam-lhe os dois incisivos e tem uma pronúncia que, muito francamente, traz às nossas comunicações um certo grau de ininteligibilidade. De qualquer forma, agrada-me que ele por lá apareça de vez em quando. Traz à coisa um certo espírito rural profundo e esporadicamente desejável.
No outro dia recebi esta mensagem da parte dele:
"Ola tudo bem eu sou bruno esta aquim numaro do maquininta 91XXXXXXX o rapaz chama_se lius pinto um abraso ate sabado"
Ao que diz a minha namorada: "Tão querido, coitadinho..."
Ao que penso eu: "Que pérola!"
Interessantes os pontos de vista possíveis sobre uma mesma realidade. Enquanto que o dela foi instintivamente maternal, o meu apenas se cifrou numa amálgama de pensamentos jocosos. Numa fracção de segundos consegui imaginar o meu amigo numa festa no Lux, numa tertúlia de intelectuais ou até mesmo num restaurante gourmet.
A verdade é que sinto uma certa empatia pela personagem e, verdade seja dita, se esta civilização acabar, são homens como este os que mais se poderão adaptar a um mundo diferente e baseado na economia de subsistência. És de louvar Bruno!

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