Fui um aluno bastante bom até aos meus 14, 15 aninhos, altura em que, tendo-me apercebido que a cerveja era bem mais eficaz que a água e que o papel não servia só para escrever, mas também para criar canudos com verduras lá dentro, passei a ser um tanto ou quanto displicente no que aos meus estudos diz respeito.
Recordo com especial saudosimo a disciplina de latim, que amei desde o primeiro momento. Aliás, ainda hoje não percebo como alguém poderia considerar tal disciplina entediante, ou até mesmo difícil... Lembro-me que tinha aulas de duas horas, das quais saía cronicamente ao fim de cinco minutos, com vista à requisição de um dicionário na biblioteca, bastante semelhante ao que deixara em casa por conveniente lapso. Por ironia do destino, apenas aparecia a cinco minutos do fim da segunda hora. O latim era fácil, pensava eu...
E era!, senão vejamos:
- O teste das duas melhores alunas rodava sempre até ao meu lugar...
- A tradução de português para latim, não encerrava qualquer segredo, que é como quem diz, "traducione per latini, segredus nenhumo encerae". Aliás, no que a este capítulo diz respeito, sempre me achei dotado. As coisas fluíam, sei lá... Talvez daí o meu desdém por aqueles cromos que se fartavam de magicar declinações... Declinações?!? Raio de merdas... Para que é que isso é preciso, quando o nosso instinto é por si só declinatório?!?
- No que diz respeito à tradução de latim para português, recordo com especial carinho o episódio em que, no exame nacional de décimo segundo ano, escrevi a prodigiosa frase: "O ervilha levava a bala na bandeja de prata, para que, com ela, os cães enjaulados desfrutassem." Tá-se mesmo a ver que isto é coisa para Homero dizer, não? O 3,4 que me atribuíram, após esforçado recurso no qual a minha própria explicadora se recusou a colaborar, lá deu 4, o que, aliado à minha frondosa média interna de 12, serviu o mágnifico desiderato do belo do nove e meio!
E tudo isto para enunciar uma magnífica asserção:
Serei eu um nato macho latino?
(ou pelo contário um mero dançarino?)
Nos próximos capítulos: Peter plane pane foge da polícia, montado numa scooter com mais dois gajos tão ébrios como ele, à vertiginosa velocidade de 40 kh, acabando por ter um acidente na gravilha que se encontrava na estrada.