2010-04-27

Ah e tal e vivemos em sociedade e devemos ter alguma ética por forma a manter a coesão dos bichinhos e coiso.
Pois bem, eu dessa enfermidade não padeço, não quero padecer e, mais, tenho nojo a quem dela padece! Já foi chão que deu uvas, como diz o outro...
Este ano, nem um cêntimo de impostos vou pagar, ganhando já mais que o ordenado mínimo (chulado ao estado que é bom!) e exercendo uma profissão que, vistas bem as coisas, não tem qualquer utilidade... Pouca riqueza distribuo, preferindo antes concentrá-la em mim próprio, pelo que, sem modéstias, serei porventura um indivíduo eticamente odioso, da pior casta que existe. Pior, sinto-me muito bem com esse papel e até me arrogo ao direito de, as mais das vezes, desfrutar de alguma felicidade!
Quanto ao restante pessoal, o da ética verdadeira (ou seja, ninguém) e o da ética dissimulada (ou seja, os pseudo-moralistas-comezinhos), um desejo de muitas estátuas a perpetuar as suas eternidades no mundo, que eu cá prefiro contar que vá para debaixo da terra!
(desabafo originado pelo rejúbilo sentido aquando do meu contacto cibernáutico com a dgci em 2010)

2010-04-14

Carícias Malícias

Sexta-feira passada saí à noite. O feito, em si, não tem nada de especial, e não irei sugerir ao atento leitor que se agarre bem à cadeira em virtude do alucinante relato que segue. Não. A noite foi entediante qb., e bastante semelhante a muitas outras que me têm levado a preferir a bricolage às incursões nocturnas pela cidade.

Saí do purgatório, fardado a rigor como em qualquer outro dia, e já em Lisboa sequestrei a casa de um amigo para trocar de roupa e me parecer ligeiramente mais com um ser humano.

Deixei o carro estacionado, fumei e antecipei coisas más pelo caminho, e acabei por chegar à praça onde tínhamos combinado o encontro.

Eu e os meus colegas de curso fazemos isto frequentemente. Combinamos uma jantarada (eles, mais resolutamente do que eu), bebemos uns copos (eu, em menor medida do que eles), queixamo-nos um pouco do trabalho, recordamos momentos dos antigamentes, insultamos os que não apareceram e procuramos um sítio para prolongar a noite.

Desta vez, a escolhida foi uma caixa de música no Cais do Sodré, onde um dj aparentemente meritoso, passava a música que havia de extasiar o resto da troupe e de me obrigar a mim, por fim, a recorrer ao álcool. Nestas alturas os copos servem dois propósitos: o da tolerância psicológica e o da intermitência física. O primeiro, toda a gente já o experimentou em alturas de menor predisposição para o que está a acontecer à nossa volta – bebe-se um pouco e, se a coisa der para o lado certo, ainda acabamos por nos rir um pouco. O segundo, é particularmente útil nos períodos em que os risos e sorrisos teimam em não surgir e se vai queimar uns minutos até a um bar apinhado – aparece-se e desaparece-se de ao pé dos foliões e espera-se que o próximo copo seja finalmente capaz de alinhar os espíritos.

Mas foi assim o resto da noite e o álcool pouco ajudou. Muita música má, muito bailarico e pouco estímulo.

Acabei por fazer as despedidas e decidi meter-me a caminho do cacilheiro, pois ainda que o meu espírito não estivesse alinhado com o dos meus parceiros, não o estaria certamente o da polícia.

Tirei bilhete, sentei-me na sala à espera do embarque, tirei umas fotos com o telemóvel e assisti durante meia hora às coreografias das gentes jovens da margem sul, até que os portões se abriram desimpedindo o acesso ao cais – aguardei um pouco, deixando passar em primeiro lugar os mais impacientes e saltitões, e levantei-me com o último terço da manada.

Estava no início da descida, caminhando em paço lento e vazio, quando senti uma mão acariciando-me a nuca. Em décimos de segundo pensei poder tratar-se de alguém meu conhecido com instintos furtivos e um desejo ardente; de um desconhecido que me tivesse confundido com o alvo da sua líbido; ou, mais provavelmente, de um rapaz com aspecto jovial à procura de alguém para uma sessão de estalada antes de ir dormir.

Foi esse o tempo que demorei a direccionar a minha cabeça e a encarar, por fim, uma grande negra que me olhava atentamente.
- Então,? gostas de mim? - perguntei com entoação querida e dengosa.
- Acho-te engraçado… - respondeu, não devendo nada ao meu afecto.
E assim fomos os dois, de braço dado, passo lento, descendo a rampa até ao barco que nos aguardava.

E não é que foi o melhor diálogo da noite?

2010-04-11

Atentado bombista deflagra na internet! Veja mais em: http://www.cifras.com.br/traducao/frank-sinatra/my-funny-valentine

2010-04-09

É interessante chegar à cama com a cabeça em roda! Em primeiro lugar, porque "em roda" é a força motriz do mundo; em segundo lugar porque, quando menos se espera, a Rosa, essa grande maluca, arredonda a saia; embora nada disso nos interesse por agora, até porque o silêncio se impõe quando nada de interesse se tem para dizer. No entanto, e contrariando o paradigma da utilidade, no esboçar de um texto que se impõe porque sim, cabe dizer, de uma forma peremptória, que o importante é ser feliz! E cabe dizê-lo contrariando aqueles que acham que ser feliz:
  • É chato porque se está estagnado;
  • É bronco porque se está emperdigado;
  • E é boçal porque se está embrutecido...
Nada disso meus caros Antónios e Mairas, nada disso... É bom (ponto); é aquela converseta dos outros das motas (vulgo easy rider); é o que faz despertar a inveja alheia; é a capacidade máxima que se tem para botar sentido na roda que anda à roda... E amanhã é o que se foda, pois foda bem fodida é a que se dá e não é mentida! (óh Aleixo, desculpa a ordinarice...)

E depois vêm os padres a dizer e coiso que o correcto é coiso e existe o mal que é pecado e a indulgência impõem-se e bora lá todos dançar na discoteca que é escura como as trevas e igual ao inferno que se vive porque somos todos importantes para impressionar o mundo com o estatuto (óh palma deixa lá os clichés...).

E faz bem se a coisa for gay, leia-se alegre (sem perdizes nem cartuchos que, por aqui, é-se pacifista), com urros descomprometidos como se todos os dias fossem o hoje que eternamente se lembra por ter sido aquele único (momento dispensa-se porque é implícito) e isto já é escrita automática e dizer de nós faz bem porque sim!
Ãnh?!? Textual, a síntese! Essa coisa de poetas, não é? Dasse...; raios os partam com a mania dos catálogos, que já não leio desde os dias da simbiose em que eles faziam músicas como se fizessem meninos... E porquê, perguntam?; porquê isto?

Porque é lindo e faz uma redoma à volta do menino e é quiloze de mízetíco (leia-se místico), embora, para ser verdadeiro, possa dizer apenas que não tenho sono e as palhinhas do menino para mim só tenham interesse enquanto matéria orgânica, vulgo estrume...

Estou ébrio e contente! Que é como quem diz, não me dói o fígado embora já possa ter dado alguns erros ortográficos, os quais, em consciência, me fazem doer a gastro-coisa. Como, por ora, a consciência está longe de mim (leia-se novamente "estou ébrio"), só amanhã porventura talvez que é como quem diz coiso me doerá a gastro-coisa...

Agora como há muitos anos (tipo o refrão da cantiga):

"A gastro-coisa é uma coisa muito bonita! Nela nascem malmequeres selvagens e se põe o sol ao entardecer. Na gastro-coisa há algas verdes de esperança de uma dia não andar na cadeirinha com a tigela alada a recolher a baba que se me faz pela menina com as carnes firmes e sequiosas dos prazeres que hão-de vir. Como se prestidigitar fosse um meio para alcançar a eterna melancolia PERFEITA com que se sonha (um bocado taradeco agora, diga-se). E a gastro-coisa às vezes dói de doer sentido em fúria (doce, sempre doce), porque é bom o doer da gastro-coisa (ponto).

E com isto adquiri um sem número de expedientes que me fazem ter força para entoar o manguito ao próximo (porque quando não se conta não há desilusões - vai-se aprendendo...) e deliciosamente desfrutar dos aromas da solidão, naquele lugar comum que é desejar ter cabelos brancos e as carnes flácidas (mais do que agora) e encarar tudo isso com a naturalidade de quem entende que a sensualidade está no espírito e a secura de sentimentos é fértil num olhar que se forme espontâneo e natural!

Que é como quem diz: Sereníssimo?, Sapientíssimo? E os outros todos?
Saraband ao mundo, que o Bergman veio cá com esse propósito messiático que ainda escapa aos olhos de alguns!

(E não, não estou irremediavelmente frito nem tenho o fígado a desfazer-se, são só três ou quatro horas por mês e faz bem e quem achar que não faz que se foda)

2010-04-06

Longo mas vale a pena:

http://www.ted.com/talks/lang/por_br/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

2010-04-02


A propósito disto: Oh Quizilol, estarei enganado ou foi a ti que eles avistaram?