Hoje fez-se greve. Coisa que nos últimos tempos tem sido tão rara como chuva.
E eu, naturalmente, tive um súbito desejo de inutilizar alguns minutos do meu tempo tentando lembrar-me que grupos de assalariados não têm recorrido a esse instrumento. De vez em quando gosto de fazer destas coisas - nada melhor do que uma série de elaborações espúrias para desentupir a canalização. Não é que faça questão em ser artista, mas lá dizia o Torcuato Luca de Tena que "el arte es la ciencia de lo inútil", e portanto lá terei os meus méritos. Tê-lo-ei eu, como o terão algumas centenas de pessoas que fazem da assembleia da república a maior galeria de arte do país.
Verborreia aparte, foi precisamente isto que me levou a lembrar-me da classe política e de que já lá vão uns bons 35 anos desde que um primeiro-ministro português levou um governo a suspender-se a si próprio. E eu, que estou convencido de que estamos tão carentes de mais políticos profissionais como de abcessos, dei-me ao trabalho de ir buscar um filmeco de outros tempos.
Dizia o homem qualquer coisa do género: “Se os funcionários públicos fazem greve ao trabalho, o governo faz greve aos funcionários públicos” – ora embrulhem lá.
São pérolas minha gente! São pérolas!
Almirante Pinheiro de Azevedo, primeiro-ministro de Portugal em pleno PREC. Um estranho homem que não apreciava ser sequestrado.
2010-03-04
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1 comentário:
lol! Muito bom mesmo! Não conhecia a personagem... O senhor tem um mérito que, até aqui, ainda não tinha visto em ninguém, o de misturar o estilo Jorge Jesus e Júlia Pinheiro! :)
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